segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Deus é americano

Você já pensou insanamente sob um sol devastador?
Eles pensaram.

E agir vorazmente após uma noite gélida?
Eles agiram.


Os dois rapazes eram melhores amigos, pois não tinham outros. Naquela manhã eles acordaram decididos, aprontaram-se e marcharam até a execução do plano.
Parecia um dia calmo na escola de ensino médio. Uns adolescentes eram triviais, enquanto outros eram mais que isso: Superfíciais. Enfim, não importa. Eram todos rasos. E queriam adoração. E pensavam, cada um, em suas cabeças de cavalo, serem o pólo magnético da Terra.

Pois bem... Os dois jovens entraram naquele ambiente com suas sacolas pesadas, abriram e não pararam mais de atirar contra todos, até que a munição acabasse. Até que o estrago tivesse sido bem grande.

E antes que a sinfonia das sirenes dos carros de polícia e ambulâncias se aproximasse, os dois cortaram os pulsos, cada um com seu canivete. E aproveitaram cada minuto, segundo de agonia com uma estranha sensação de dever cumprido.

Quando o resgate chegou, já estavam à poucos segundos de deixar a vida que já não tinham. A primeira pessoa que adentrou naquele lugar fitou o rosto suado de um dos garotos. Ali não havia uma expressão de dor. O que jazia ali era felicidade, que não acabaria nem com o último gargalho que daria no último suspiro. Ali jazia um sorriso largo, cru e cortado, como uma cicatriz na face. Uma caricatura doentia.

domingo, 18 de julho de 2010

"The end, my friend..."

Lua diz:
Vou tomar um banho gostoso, pintar as unhas de preto com corações vermelhos e assistir filmes e comer até explodir. Triste fim de Lua de Saturno.


Mar. diz:
Antes ter um triste fim...
do que não ter um fim, meu doce.

Amar. Amar-te.


É uma espada afiada empunhada contra veias, artérias, carne, ossos e mais todas as víceras que poderão ser encontradas.
É cálido como as lágrimas que dos meus olhos ciganos verteram.
Rígido como nosso orgulho e aconchegante como teu corpo unido ao meu.

É complicado.


Escutando desavergonhadamente "L'Excessive" de Carla Bruni e "Strangelove" do Depeche Mode no repeat.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Ode à Selene

"Oh, Lua...
Por onde andas que não te vejo?
Em tanta escuridão, nesta noite profunda, desejaria acompanhar-te.
Mas oh, Lua... onde estás?
Suplico-te que, de súbito, apareças...
Suplico-te já sem alma, já sem prantos...
Suplico-te como um alguém a quem não resta mais nada...
Oh, Lua... Estás à ouvir-me?"

Mariana Silveira.

Ela é um mar de fogo me chamando.
Minha calda de framboesa.
Minha pimentinha.

Mais ondas desse Mar: http://outrosoutonos.blogspot.com/

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Fortuna

Lua diz:
Acho q tem dias q eles acordam e pensam: Ah, eu quero tirar a sanidade dela hoje...
Porque é impressionante como eles conseguem!
Mar. diz:
AHUUAHUAHUAHUAHUAHUAHUAHUAHUAHUAHUAH
Só tu mesmo pra me fazer rir!
Lua diz:
hehehe
O humor (bom, ácido, seco ou a puta que pariu) é o tiro mais certeiro do mundo.
Mar. diz:
Concordo!
Tu tá bem?
Lua diz:
Não.

....................................................

Camilla diz:
Sim, que eu amo você e sinto saudade.
E queria abraçar. Porque você tava mal.
E falar pouco.
Só ficar com você.

....................................................

Não despreze as fortunas que a vida te oferece.

terça-feira, 11 de maio de 2010

"You do not talk about Fight Club"

Não é apenas um filme violento de 1999. Brad Pitt e Edward Norton não estão ali pra seduzir. Não é uma aventura de David Fincher baseado no romance de Chuck Palahniuk. Não são 139 minutos desperdiçados em hormônios. É “Clube da Luta”(Fight Club).

A estória¹ de um cidadão americano, aparentemente comum, que se envolve com um clube secreto depois de conhecer um homem chamado Tyler Durden (Brad Pitt) não é apenas isso. É mais. Bem mais!


David Fincher, diretor conhecido por “Seven – Os Sete Crimes Capitais”, sabe muito bem o que faz e não parece ser nenhum aventureiro na direção deste filme. A música tema “Where’s my mind?” do Pixies cabe muito bem na película, principalmente pelas crises de insônia e confusão de Jack (Edward Norton) e as tendências suicidas de Marla Singer (Helena Bonham Carter). Outra coisa bem peculiar são as regras do Clube da Luta: “Não fale sobre o Clube da Luta./Nunca, jamais, fale sobre o clube da luta/Quando alguém gritar "pára!" ou sinalizar, a luta acaba./Somente duas pessoas por luta./Uma luta de cada vez./Sem camisa, sem sapatos./As lutas duram o tempo que for necessário./Se for a sua primeira noite no clube da luta, você tem que lutar!”


Entre cenas de porrada insanas, ambientes sujos do cotidiano e escritórios limpos e bem organizados, o filme nos fala sobre desejos reprimidos pela sociedade do consumo que diz como e em que linha devemos nos moldar. Uma das melhores partes do filme é quando Tyler percebe novos integrantes no clube e faz uma reflexão discursiva diante de todos os integrantes.


“Vejo os homens de uma geração inteira criados por mulheres...mais fortes e espertos do que nunca. Vejo todo este potencial. E vejo-o desperdiçado. Diabos, toda uma geração trabalhando em postos de gasolina, servindo mesas... Escravos de colarinho branco. A publicidade nos empurra carros e roupas...empregos que detestamos para comprarmos merdas que não precisamos. Somos os filhos do meio desta história. Sem objetivos nem lugar. Não temos nenhuma Grande Guerra. Nenhuma Grande Depressão. A nossa grande guerra é espiritual. A grande depressão é as nossas vidas. Fomos todos criados em frente à televisão para acreditarmos que um dia seríamos milionários e estrelas de cinema e de rock. Mas não vai ser assim. Estamos aprendendo isso lentamente.E estamos muito, muito zangados”. Depois disso o dono da locação do clube chega, furioso, questionando o porquê de todos aqueles homens estarem na propriedade dele. Tyler luta com ele de forma louca e escatológica.


“Clube da Luta” é recheado de atuações e cenas brilhantes falando de futilidades, comportamento e capitalismo, só que com sangue, ossos, gordura, suor, hematomas... e neurônios.



Luana Pinto Saturnino, 3º período, para a disciplina de Língua Portuguesa e Jornalismo.


¹estória: Porque eu sou old-school.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Um olhar brilhante

... Ou um olhar ébrio.





Álcool, madrugada acesa e meu Lobo. Eu não quero mais nada.



_Fotos e título by Ruanita.

Sheeps


"Vejo os homens de uma geração inteira
criados por mulheres...
mais fortes e espertos do que nunca.
Vejo todo este potencial.
E vejo-o desperdiçado.
Diabos, toda uma geração
trabalhando em postos de gasolina...
...servindo mesas...
Escravos de colarinho branco.
A publicidade nos empurra carros e roupas...
...empregos que detestamos para
comprarmos merdas que não precisamos.
Somos os filhos do meio desta história.
Sem objetivos, nem lugar.
Não temos nenhuma Grande Guerra.
Nenhuma Grande Depressão.
A nossa grande guerra é espiritual.
A grande depressão é nossas vidas.
Fomos todos criados em frente à
televisão para acreditarmos...
...que um dia seríamos milionários
e estrelas de cinema e de rock.
Mas não vai ser assim.
Estamos aprendendo isso lentamente.
E estamos muito, muito zangados."

- Tyler Durden, em "Fight Club"(David Fincher, 1999)

domingo, 25 de abril de 2010

Nada

Como o sol dessa cidade era irritante. O clima quente desconcentrava. O clima desse verão a prejudicava por inteiro: seu cabelo, sua pele, suas glândulas e até mesmo sua sanidade.
Lua andava com muito custo até que achou um lugar que servia chá mate gelado com limão. Tudo que ela precisava naquele momento.
Naquele mesmo momento encontrou outra coisa que precisava, e essa coisa era uma pessoa interessante. Esta coisa estava com uma xícara com chá de maçã e canela, sentada perto da entrada, onde se tinha uma iluminação peculiarmente especial, de forma que a luz solar se dividia em cores através de um vidro.
Ela escrevia algo, usava óculos escuros em formato de coração, tinha os lábios carnudos em bordeau e ouvia MP3. Lua se aproximou, fitou de perto e, sem dizer nada, sentou-se na mesma mesa. Ela continuou o que estava fazendo e sem se mover saudou Lua.

- Como estás, Lua?
- Sendo. E você?
- Muito bem, obrigada. O que te traz aqui, hein?
- Esse verão indigno - disse Lua, suspirando de raiva.
- Geralmente o que me traz aqui é nada. Nada. Em verdade e absolutamente, nada.

Ela acabou o que fazia, tirou os óculos e os fones e encarou Lua com seus olhos de gato.

- Não achei que você fosse vir até mim tão cedo.
- Assim como nada a traz aqui, nada me trouxe até você.

E Lua tirou os seus óculos escuros modelo wayfare e também a encarou com seus olhos de felino esperto.

- Lua, estás amadurecendo.

sábado, 17 de abril de 2010

Medíocre declaração para algo maravilhosamente inexplicável

O mundo lá fora rui, apodrece, flameja como o inferno.
Se eu fosse só, me importaria.
Contigo esqueço.

O mundo aqui dentro pulsa de tal forma, delicadamente, ora entusiasmada;
Que palavras poderia te destinar se me roubas todas?
Estás sempre a roubar-me.
Que poderia dizer-te?

Paro por aqui antes que me arrependa de o ter confessado.

segunda-feira, 15 de março de 2010

C'est l'amour

Barbie Destrossada(sic) diz:
Te amo pra caralho.

Pitt diz:
Te amo pra buceta.









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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Ei!


Esqueça a cama;
Esqueça a TV;
Esqueça o terremoto;
Esqueça Travis no Taxi;
Esqueça Parnassus;
Esqueça Preciosa;
Esqueça os camundongos do teu quarto;
Esqueça o Nimesulida e o quelo;
Esqueça suas unhas roidas e seu esmalte descascado;
Esqueça o resto de pizza na cozinha;
Esqueça seus óculos escuros e a luz irritante do sol;
Esqueça seus vizinhos;
Esqueça a madrugada;

Acorde!

Chá forte.

.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O antebraço e a madona

Lá estava eu, completamente entediada.
Meu pai não parava de ver relógios e minha mãe... Bem, mamãe ainda estava indecisa com aqueles malditos óculos escuros.
Eu? Pra lá e pra cá. Ia à seção de camisetas masculinas, já que sempre encontro estampas de cerveja ou comics. Nada. Os designers filhos da puta não fizeram nada que se aproveitasse. Ia à seção de calças femininas. Porcarias. Não tinham aquelas calças skinny com estampas escrotas que tanto gosto. Só umas coisas pra meninas frescas, falsamente delicadas.

Voltei para ver se meus genitores resolveram algo... Porra nenhuma!
Já estava ficando puta e resolvi ir para a parte dos calçados - nada que eu pudesse comprar, mas ao menos tinham cadeiras!
Sentei confortavelmente e liguei meu mp3...não lembro se eram os Stray Cats ou os Beatles pulando e lambendo meus ouvidos dentro do celular...Ah, mamãe! Já decidiu? Não?! Como não?!?! O quê?!?! Precisa de mim pra quê?! Ah, papai tá me chamando, é... pra ajudar? Em quê? Decidir?! Mas será que vocês não são capazes de escolher uns míseros óculos sem a minha presença? Ah, tá... Eu sou o desempate. Tá bom. Faço qualquer coisa pra sair logo daqui! mexe a bunda que eu vou atrás...

Cheguei lá. Dei minha opinião. Eu sei que eu tenho razão... é só usar a lógica, mãe... analise o formato do seu rosto. Pronto? Falta pagar? Tá. Por favor, vai logo... Olha, vou me encostar aqui, viu...

Encostei-me no balcão de pagamento, que também o mostruário de relógios... Fui me encostando naquele móvel liso... Encostando, descendo... Acocorei - tédio. Sentei - tééédiooo... podia me cobrir com a barra do vestido de minha mãe. O chão estava confortável. Olhava pr'um lado e pro outro. Nada. Olhava em frente, pro outro balcão. Branco, branco, branco... Vap! Em poucos segundos algo, súbitamente, apareceu diante de minha face melancólica.

Um antebraço. Não qualquer antebraço! Um lindo antebraço! Rechonchudo, delicado... parecia de mármore tamanha a perfeição! Sim! Proporções perfeitas! Passaria os dias, a eternidade a estudar aquela forma. Pegá-los-ia para mim! A dona daqueles antebraço era uma madona de traços regulares, madura... ficaria melhor como uma Vênus de Milo... sem antebraços - que deveriam ser usados para a constante admiração.

A madona foi embora com a mesma velocidade que apareceu, levando consigo os antebraços. Eu jamais veria-os novamente.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Estrela da Manhã

Era feia. Ela era essencialmente feia. Por fora, por dentro. Dentro e fora.
Seu rosto cavalar abrigava numerosas papadas escuras.
Sua pele era áspera e sem vida. Sem vida não! Mortificada!
Aliás, era de todo mortificada - das rugas e ao nariz que mais parecia uma batata estragada; Dos olhos de peixe podre aos cabelos de palha; do andar apressado tropeçante à silhueta reta decadente.
Que tristeza! Uma alcoviteira vulgar!-E tinha voz de alcoviteira vulgar! Sim, em toda miserável(ou comum) esquina há uma.

Por que havia de ser tão horrenda? Por que nos incomodar com a sua inútil existência? Por que sujar a estética daquele lugar, que já não era tão belo?

Até o vapor saido de suas narinas era fétido. Tinha cheiro de saliva de moribundo. Seu corpo peguento tinha cheiro azedo - ora como vinagre e carne crua, ora como cominho, alho e cebola crua.

De sua boca saia um bafo terrível, capaz de incomodar um cega a distâncias.

A genital tinha o cheiro de uma peixaria inteira!

As mãos não levavam jeito - o que plantava secava e o que cozinhava adquiria mau gosto.

Mulher desprezível. Sua presença queimava o que a avistava e afastava os bons ventos.


Mas ele a amava.