quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O antebraço e a madona

Lá estava eu, completamente entediada.
Meu pai não parava de ver relógios e minha mãe... Bem, mamãe ainda estava indecisa com aqueles malditos óculos escuros.
Eu? Pra lá e pra cá. Ia à seção de camisetas masculinas, já que sempre encontro estampas de cerveja ou comics. Nada. Os designers filhos da puta não fizeram nada que se aproveitasse. Ia à seção de calças femininas. Porcarias. Não tinham aquelas calças skinny com estampas escrotas que tanto gosto. Só umas coisas pra meninas frescas, falsamente delicadas.

Voltei para ver se meus genitores resolveram algo... Porra nenhuma!
Já estava ficando puta e resolvi ir para a parte dos calçados - nada que eu pudesse comprar, mas ao menos tinham cadeiras!
Sentei confortavelmente e liguei meu mp3...não lembro se eram os Stray Cats ou os Beatles pulando e lambendo meus ouvidos dentro do celular...Ah, mamãe! Já decidiu? Não?! Como não?!?! O quê?!?! Precisa de mim pra quê?! Ah, papai tá me chamando, é... pra ajudar? Em quê? Decidir?! Mas será que vocês não são capazes de escolher uns míseros óculos sem a minha presença? Ah, tá... Eu sou o desempate. Tá bom. Faço qualquer coisa pra sair logo daqui! mexe a bunda que eu vou atrás...

Cheguei lá. Dei minha opinião. Eu sei que eu tenho razão... é só usar a lógica, mãe... analise o formato do seu rosto. Pronto? Falta pagar? Tá. Por favor, vai logo... Olha, vou me encostar aqui, viu...

Encostei-me no balcão de pagamento, que também o mostruário de relógios... Fui me encostando naquele móvel liso... Encostando, descendo... Acocorei - tédio. Sentei - tééédiooo... podia me cobrir com a barra do vestido de minha mãe. O chão estava confortável. Olhava pr'um lado e pro outro. Nada. Olhava em frente, pro outro balcão. Branco, branco, branco... Vap! Em poucos segundos algo, súbitamente, apareceu diante de minha face melancólica.

Um antebraço. Não qualquer antebraço! Um lindo antebraço! Rechonchudo, delicado... parecia de mármore tamanha a perfeição! Sim! Proporções perfeitas! Passaria os dias, a eternidade a estudar aquela forma. Pegá-los-ia para mim! A dona daqueles antebraço era uma madona de traços regulares, madura... ficaria melhor como uma Vênus de Milo... sem antebraços - que deveriam ser usados para a constante admiração.

A madona foi embora com a mesma velocidade que apareceu, levando consigo os antebraços. Eu jamais veria-os novamente.

2 comentários:

Tracy, enlouquecida. disse...

Antebraço? Meu deus, logo um antebraço?!
Sou fã dele tbm... sonho tatuar um dos meus =)

Anne disse...

Quero ver um antebraço desse um dia, é algo raro de se despertar beleza... os meus mesmo são terriveis. hehe.