sábado, 23 de agosto de 2008

Lua nova crescente



Na minha infancia, mamãe contava estórias.
Eu nem lembro da maioria... Lembro de uma em que havia duas crianças: Uma era muito magra, a outra era muito gorda. Não importava as dietas alimentares que fizessem, magrinha vivia sempre magrinha. A gordinha sempre gordinha. O palitinho comia uma elefante e o elefantinho comia um
palito. E nada mudava.
Eu usava óculos e rabo-de-cavalo. Era desastrada, quase sempre deixava o copo de leite achocolatado cair e a sala toda ficava suja - parecia que uma enchente tinha passado por nossa sala. E meus pais brigavam comigo. Comia devagar, escrevia devagar... Pensando bem... Todo mundo brigava comigo! Eu realmente tirava a paciência de qualquer um.
Com o tempo a solidão não era tão ruim assim... Eu bem gostava de brincar sozinha e nas minhas estórias de boneca a Mãe sempre trabalhava fora, o Pai era dono-de-casa e a Filha tinha uma saúde muito frágil, ficando sempre doente!
Gostava de desenhar e detestava muita gente perto de mim dizendo "Olha! Ela desenha!" - Dã!- e por isso me isolava. Ah, no final das aulas eu sempre me sentava no fundo da sala, onde havia uma estante cheia de livros... Eu li todos os de português. Também li todos os livros de português da casa da minha titia. Hahaha! Acabei me tornando fã de Luís Fernando Veríssimo!
E daí se eu falava com animais? Ainda falo!
Criei duas amigas imaginárias. Ainda amo-as.
Mas também era muito briguenta e mamãe era sempre chamada na escola. Eu tinha de me defender!
Comia vegetais sem nenhum problema, caçava rãzinhas e gostava do travesti que morava np bairro.
Gostava de cobras, aranhas, tubarões, morcegos e ratos(principalmente dos filhotes, as 'catitas',
por serem cegos e sem pêlos- tão vulneráveis!).
Uma pessoinha um tanto quanto excêntrica...


Lua.(confessando, silêncio!)