quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Narguilè

A cada passo que dava Mond naqueles bequinhos empoçados de lama sentia-se cada vez mais parte daquele lugar, daquele mundo que estava tão estranho. O céu cinza-púrpura entre as brechas dos prédios malcuidados e os casarões em ruínas a afirmavam, a tomavam como parte de si. Seu all-star cano curto nunca enfrentou água que não viesse da chuva ou da podridão das ruas. E a saia curtíssima desfiava arrogantemente.

Sorteou um prédio empresarial qualquer e subiu até o último andar - só queria ter um panorama do seu Limbo. Ah, vista infernal esplêndida! As construções aos pedaços em vermelho-veneza, gris-de-payne e verde-musgo lutavam contra os canais pretos e o céu melancólico. Queria brincar de lego com aquele lugar, construindo e desconstruindo cada pilastra, cada muro, cada tijolo velho.

O céu. O céu escondia Deus em sua vergonha e ira. As nuvens pesadas não queriam brincar entre si, mas lutar avançando umas sobre as outras. Colisão. Conflito.
Aquelas nuvens agressivas estavam muito longe de sua melhor lembrança: Um narguilè.

A fumaça leve, espalhada, ousada e sensual. A fumaça que envolvia o corpo de um homem, o homem, e ao mesmo tempo a seduzia, atraindo seu corpo para perto daquele ser.

Aquela fumaça invadia seus beijos, seu prazer, suas convulsões.
Entre as mãos que passeavam entre curvas, pernas encaixadas... a fumaça atravessava e a febre consumia.

Em um dia estúpidamente alegre o narguilè não se encontrava mais. Sumira com aquele homem. A fumaça dissipara-se. Evaecera tudo. Todas as cores. As cores se misturaram. Confundiam. Colidiam. Lutavam.

Nada era mais leve. Nada era mais envolvente como aquele narguilè.

2 comentários:

Mariana Silveira disse...

Nossa que foda O_O
é teu?
AMEI ;~

Barbie Destrossada(sic) disse...

é meu sim, Mar. ^^
brigada!